Sonhos mortos
Havia em mim tantos sonhos
Tantos planos, desejos e anseios
E vi todos a mim escaparem
Tal qual água por entre meus dedos.
Talvez não fosse meu Deus
Do meu destino a vontade
Que algum dia eu fosse
Conhecedor da felicidade.
Mas, que desta mesma
Eu tivesse não mais que desejos
Cumprindo assim os meus dias
Aprisionado a mim mesmo.
E foi-se então o primeiro
Seguido este por tantos outros
Hoje eu vejo meus sonhos desfalecidos
No escuro imenso que dá cor aos meus olhos.
Serei eu algum dia oh Deus,
Um sonhador outra vez?
Sinceramente, não creio ser eu capaz
De sonhar um sonho que se desfez.
E hoje reavivar algum sonho
Para mim é passado
Posto que, descansam em paz
Jazidos no meu coração e trancados.
Pois eles nada mais são
Que cadáveres já decompostos
Jazidos na escuridão profunda
Que preenche o vazio do meu coração.
Eu não escrevo, não canto
E nem ando fardado
Não sou poeta, cantor
E nem sou soldado.
O que apenas eu sou
É um pobre diabo
Já esquecido dos sonhos
E afogado em fracasso
Que vivo dos outros
A espera de uns trocados
Com panos novos e outros surrados
Comendo do pão que me é dado.
E já desvalido daqueles
Que dão vida ao homem
Nada mais oh meu Deus
Nada mais eu desejo
A não ser estar entre os sonhos
Que habitam meu coração
Esquecidos, jazidos, trancados;
Inertes e sepultados.