as coisas que não existe
Ai de mim abraçar
esse tempo que sucede
fotogramas de eras
e regaços..
que voraz e profunda
é a percepção de que
tudo vai e vai sem ter
fim. galope!
o cheiro de rim
verde, de veneno
encorpado..sobe
sobre minha narina
e me vejo menino
ainda, em segredo
olhando o céu sem
ter medo.
um surto de beleza
uma vertigem, um assombro
Quando se é semente!
ah, quando se é menino
tudo é sonho, não houve
aquele estalo de dor,
Aquele apocalipse
que nos diz com espeto
no coração: agora é com
você...
a vida não tem palavras.
recorremos a elas, numa
comoção louca de remendar
o que não existe e nunca
existiu...