SONETO PROFANO
No balanço entre o líquido e o bruto,
tiro um sarro da areia da ampulheta,
paro o tempo ao som de uma corneta,
e dou um nó no rabo do capeta.
Quanto às coisas de Deus reverencio,
aprecio por serem tão perfeitas,
os arpejos dos anjos nas trombetas,
a dissonância dos acordes nas vinhetas.
Porém se preciso a tudo misturo,
céu, inferno, Deus, diabo, e a conduta,
ponho tudo na bateia e no escuro,
vou regendo todos eles e na disputa,
um ensina, um apende, e nessa escala,
ninguém fala todo mundo me escuta.
Saulo Campos - Itabira MG