SONETO PROFANO

No balanço entre o líquido e o bruto,

tiro um sarro da areia da ampulheta,

paro o tempo ao som de uma corneta,

e dou um nó no rabo do capeta.

Quanto às coisas de Deus reverencio,

aprecio por serem tão perfeitas,

os arpejos dos anjos nas trombetas,

a dissonância dos acordes nas vinhetas.

Porém se preciso a tudo misturo,

céu, inferno, Deus, diabo, e a conduta,

ponho tudo na bateia e no escuro,

vou regendo todos eles e na disputa,

um ensina, um apende, e nessa escala,

ninguém fala todo mundo me escuta.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 01/07/2012
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3754962
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