Meus vizinhos
A briga na casa da vizinha
Eu estava em minha casa,
Deitada e bem quietinha,
Quando ouvi uma discussão
Na casa de minha vizinha,
Eram tantos palavrões
Que de cada boca saía,
Que eu ficava assustada,
Alguns eu nem conhecia.
Por que precisam gritar
No auge de uma briga?
Não se entendem, só se ofendem,
Um fala e o outro revida.
Quando se puxa uma corda,
Cada um para um lado,
Não chegam a lugar algum,
Só ambos ali machucados.
Os corações tão distantes,
Por abismos de rancor,
Acham que gritos resolvem,
Que tiram do peito a dor.
Porém o que ficam são mágoas,
Marcas que viram feridas,
Que o tempo não apaga
Nem ao menos cicatriza.
Depois se dorme com o pranto,
Ira, sentimento velado,
Por aquele a quem amou,
Deitado ali ao seu lado.
No outro dia nem se olham,
Agridem-se com o semblante,
Um gelo no clima,no ar.
Almas perto, porém distantes.
E a vida segue em frente,
Não espera consertar,
Qualquer gesto é uma flecha,
Pronta para atirar.
Para que viver assim,
Se não existe respeito?
Com angústias e ressentimentos
Guardados dentro do peito?
A noitinha vem chegando,
Espero em paz poder dormir,
Minha vizinha que me perdoe,
Mas vou me mudar daqui.
Regina Xavier