A Voz
Uma voz de sereia beijou-me o ouvido
Tão doce e tão bela, que ao notar esse som
No exato momento senti um frisson
E em meu coração o amor revivido.
Virei-me então, de paixões embebido
E busquei a origem do ruído tão bom
Do sussurro feérico de nobilíssimo tom
Mas só havia o silêncio, o silêncio dorido.
Segui então o solitário caminho
Segui cabisbaixo, caminhando sozinho
Pela praia deserta das areias moventes.
Decerto a voz que escutei ao acaso
Quando ali passeava, à hora do ocaso
Foi o canto perdido das almas silentes...