O canto da sereia

A dama disse, e falo a verdade,

Que minha vida espiritual era linda;

Que admirava firmeza, integridade,

Que, a Palavra de Deus é verdade,

E eu ser ministro, melhor ainda...

Aprendeu muito quando ensinei,

Melhorou sua percepção da vida;

Que muito conselho que lhe dei,

Amarras da sua alma eu quebrei,

Pelo que me era mui agradecida...

Fez-me ombro sem que quisesse,

Afinal me chamava, irmão querido;

Quantas vezes pediu-me uma prece,

de repente como se louca estivesse,

convidou-me pra trair seu marido...

Claro que esse abalo muito abalou,

Não que seja refratário ao prazer;

Só que o dito pretérito desmoronou,

Se me admirava pelo que eu sou,

Por que quis que deixasse de ser?

Deixei a “capoeira” sem berimbau,

Não que eu diga que jamais erro;

sequer pretendo que não seja mau,

mas, casa de ferreiro e espeto de pau?

Na minha ferraria, o espeto é de ferro...