Vinícius com pingos e vírgulas

Vinícius com pingos e vírgulas

Muitas vidas, tantas almas;

vidas que a alma desenha;

almas que a vida desdenha;

alma do amor, da emoção,

da espontaneidade e do deboche,

num contínuo fazer e desfazer,

desfazer e refazer.

Busca constante: sucessão de encontros;

encontros constantes: sucessão de desencontros.

No encontro, a doçura da rima;

no desencontro, a rigidez da métrica.

Mimando em versos, para as crianças:

pinguins, focas e marreco

e ainda assim elas cresciam;

doando-se apaixonado, para as meninas:

malícia, sedução e gingado

e ainda assim envelheciam.

As meninas perderam a meninice e a paciência

o poeta, a mocidade e a persistência,

ao envolver-se nos braços ingênuos

de uma banheira morna cuja água

jamais teria a face entardecida

e a beleza, pelo tempo, esmaecida.

Ao poeta sem ponto final,

ao homem dos pingos e vírgulas,

ao dono do perpétuo continuar,

ao senhor do recomeçar,

àquele que nunca se foi,

os aplausos, o sim

e um terno e eterno brinde

pela coragem no reconhecimento das paixões,

pela garantia da imortalidade da poesia:

tintim!