Ode à noite
Eu te penetrei com ardor e pranto
e durante a tua dor
eu te fecundei com o meu olhar calmo...
És a fêmea dos poetas,
que fazem amor contigo
nos recantos escurecidos pela tua tristeza...
Sofres a tua dor,
angustiadamente silenciosa,
como uma rainha
a quem despiram o manto...
Só balbucias poesia aos meus ouvidos,
que transmitem lágrimas aos meus olhos
e tremor às minhas mãos,
que te escrevem a beleza e o mistério...
Mudo, fico te olhando morrer
e beijo a meia-lua dos teus seios
e toco sinfonias nas tuas teclas cinzentas,
de solidão e penumbra...
Emocionado,também me dispo perante o teu olhar
e envelhecido pelo esforço de te amar,
faleço ferido fatalmente pela aurora...!