PARANOIA BLUES
eu comerei todos os pombos que arrulham
sideralidades metálicas no telhado,
verei com olhos de gárgula
o que a catedral não ousa revelar,
lobos me correm nas veias em pleno milagre
do sangue virado vendaval,
nenhum táxi aceita me levar:
minha bagagem é de mil caveiras faladoras,
nem um pouco contentes
com a beatice das ordinárias e seus algozes,
porém eu tento, porque mantenho um lado apóstolo
que só nega o mestre na hora de cortar o pescoço do suspeito,
mesmo assim, me desimporta a vaidade de vitórias
que se declaradas apenas revelam
o quanto de usado carrega o abnegado,
por isso prefiro a gargalhada e o absintho,
eu não minto, sabe, gosto de plantar
no quintal o sonho que revela o quanto de imbecil
coroa meu delírio, porque nesta metrópole
o trono é de quem sabe o preço do vizinho e paga mais