Ontem
Ontem.
Ontem ao fechar a porta
e apagar a luz
tomada do escuro vi meu
mundo nu e cru.
As paredes brancas sem
a luz do abajur
era uma tela sem
pintura e sem palavra essa
que busquei por toda a
noite
dentro dos meus vãos.
Via ao meu lado o seu
corpo adormecido
e sua respiração
denunciando seu cansaço
só eu vejo o que
ninguém mais vê
Tua carne, teu perfume
e meu ciúme
de outras bocas que
povoam os seus sonhos
lá não entro, e me
mata a aflição e me condeno
E debrucei-me em suas
costas
e beijei a sua nuca e
despertei
na escuridão dos meus
medos escondidos
Todo o mais que te
completa e me aninhei
na sua tatuagem
colorindo minha pele
clareando meus
instintos e te amei.
Cristhina Rangel.