SÚPLICA
H. Amador.
Meu Deus! Tu que Es tão clemente,
Porque não poupas este meu penar?
Porque não apagas esta chama ardente,
Que pouco a pouco vem me torturar?
Sozinho choro, minha alma padece,
Um lindo rosto sempre a recordar,
Mas a imagem ligeira desaparece,
Ao encontro do meu ansioso olhar.
Depois... O martírio, o frio e a dor,
Das tristes e negras horas errantes!
Agora, a solidão amiga do horror,
Destas duas lágrimas suplicantes.
Se vivo ébrio, sombrio, delirante,
Carpindo a dor que a boca não esconde,
Esta lembrança faz-me o peito arfante,
O peito arfante faz-me a mente ardente.
Porque não volves para mim teu olhar?
Porque deixas tremer a frágil criança?
Porque deixas sua débil alma continuar,
A alimentar esta cruel e fatal vingança?
Ai! Que vale a vingança minha amiga,
Para que mais miseráveis nos tornarmos?
Se na morte nos encontraremos querida,
De além-campa, nas regiões sem termos?
Santa Luz, l964.
Para Izabel.