SÚPLICA

H. Amador.

Meu Deus! Tu que Es tão clemente,

Porque não poupas este meu penar?

Porque não apagas esta chama ardente,

Que pouco a pouco vem me torturar?

Sozinho choro, minha alma padece,

Um lindo rosto sempre a recordar,

Mas a imagem ligeira desaparece,

Ao encontro do meu ansioso olhar.

Depois... O martírio, o frio e a dor,

Das tristes e negras horas errantes!

Agora, a solidão amiga do horror,

Destas duas lágrimas suplicantes.

Se vivo ébrio, sombrio, delirante,

Carpindo a dor que a boca não esconde,

Esta lembrança faz-me o peito arfante,

O peito arfante faz-me a mente ardente.

Porque não volves para mim teu olhar?

Porque deixas tremer a frágil criança?

Porque deixas sua débil alma continuar,

A alimentar esta cruel e fatal vingança?

Ai! Que vale a vingança minha amiga,

Para que mais miseráveis nos tornarmos?

Se na morte nos encontraremos querida,

De além-campa, nas regiões sem termos?

Santa Luz, l964.

Para Izabel.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 29/06/2012
Código do texto: T3750481
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