Pra dizer o quê?
Por vezes, confesso, o tempo pára em esquinas que esmagam os sentidos dos meus olhos. Ele fere sutilmente a epiderme das faces de meu corpo, mas nem ligo porque dói uma quantidade indispensável para o crescimento. Crescer nas migalhas de um tempo “ogro” é um grande torpor.
Por vezes, confesso, o céu bate em meus pés e tomado de nuvens ponho-me a delirar inconsequências. Faço e disfarço os temperos preparados por aqueles que me organizaram no consumo e, inerte, caminho por direções, talvez, jamais quistas por mim.
Por vezes, confesso, a saudade alegra, mas a dor é maior por tornar real a minha impossibilidade de mudar aquela situação; não posso ser lá o que eu sou hoje.
Agora, eu confesso, sei que o tempo não pára e nem por isso me paralizará;
Sei que há dor e nem por isso me matará;
Que eu tenho mais e nem por isso migalhas irão me sustentar.
Eu confesso, minhas inconsequências são consequências de um arranjo maior e nem por isso preciso abandonar a prudência e a sensatez.
Sei: não posso mudar um acontecimento e nem por isso quer dizer que não posso re-editá-lo.
Sou Lar e há mais vida fora dos olhos meus!