Mil Anos de Juventude

Guardei as lembranças nas flores daquele ipê

Mas as pétalas caíram no outono

E foram pisoteadas pelo tempo

Que passa sem olhar os sentimentos

Lancei todos os sofrimentos nas corredeiras do regato

E as águas límpidas lavaram meus pecados

A chama crepitou iridescente no coração

E uma paz irreconhecível estacionou em mim

Então me sentei e contemplei o céu

E o seu azul engoliu os meus quereres

Fraturou todos os meus sentidos

E meus fragmentos espalharam-se ao vento

Agora era eu espalhado por todo o sempre

Imune à ação irrevogável do tempo

E meus mil anos de juventude

Passaram sem deixar rastros

Mas as palavras gravadas nos corações

Ficarão eternizadas... Em versos dóceis

O meu grito mudo ecoará pelas muralhas do castelo

E abalará as quatro colunas do templo esquecido

Acordando o grande senhor do karma

Do seu sono de cem eras...