Cantiga na Floresta dos Sibilos

Das cantigas sou a seresta dos tempos

Sou as lágrimas e sorrisos de um bardo

E entre os poetas mortos tive visões

Sempre vivos em meus sonhos e auroras

Das cantigas sou as lendas esquecidas

Sou o totem solitário em uma ilha submersa

Entre sereias cortejadas por Netuno

Eternas vivências entre os impossíveis

Das cantigas sou os descritos rituais

Sou o cálice de sangue da terra

Nos lábios de uma criança envelhecida

Sedenta de almas e pergaminhos gastos

Das cantigas sou o rodopiar das bailarinas

Sou os estalos na madeira perfumada a queimar

Na fogueira de sóis e universos infindáveis

Crepitando em tochas de estrelas e cometas

Das cantigas eu sou o poeta e trovador

Sou a pena e a tinta sempre negra dessa cruz

Que carrego e alimento todos os cupins famintos

E elevo-me por entre os galhos desse sabugueiro

E o amanhecer sublime encerra os festejos

Duendes e salamandras adormecem no seio do mundo

E me torno relva novamente... Embebida em orvalho

Aguardando as luzes confusas de um próximo arrebol