BENZEDEIRA

BENZEDEIRA

Tirando dor

Cicatrizando feridas

Velha,magra desmeringüida

Passava mão, pronto esta feito a benzida

Assim era a velha benzedeira

Morava no fundo da vila

Flores,pássaros, salsos ao redor

De todas as casas a dela era a menor

Uma velha prancheta de tear

Suavidade e profundidade no olhar

Um cão que a porta arranha

Sua velocidade era como de uma aranha

Rugas envelhecidas

Unhas amareladas e curtidas

Para falta de circulação receitava urtiga

Em sua excrescência era benzedeira por excelência

Velha analfabeta e prosa

Para acalmar mandava tomar chá de talo de rosa

Dizia que pontes são para cruzar e não molhar

E que a maldade se vê no olhar

Ditava se tinha que repetir

Que qui eu cozo

Espinhela caida

Nervo rendido e carne quebrada

Mau olhado e osso ofendido

Dito e reedito

Pronto tava benzido e curado

(Orides Siqueira)

Orides Siqueira
Enviado por Orides Siqueira em 28/06/2012
Reeditado em 28/06/2012
Código do texto: T3749102