O adeus do poeta
Adeus, eu pranteio e morro!
Não levo da vida nenhuma saudade
Porque foi tristeza minha felicidade
Porque não sonhei um sonho de verdade
Porque não vivi outra coisa
Senão falsidade.
Adeus, eu pranteio e morro!
Porque a vida que o meu peito enchia
Foi-se de mim no raiar dos meus dias
Levando consigo minha mocidade
Que outr’ora pensei ser um dia
Só de felicidade.
Adeus, eu pranteio e morro!
E dessa forma dou fim a sina
De um amor tão sem frutos
Que encheu-me os olhos
Mas que hoje faz
Minh’alma repousar em luto.
Adeus, eu pranteio e morro!
Mas antes, eu te pergunto:
O que me resta, meu Deus?
Além de um olhar que de tão triste
A morte envolve, traga
E leva para o túmulo?
Adeus, eu pranteio e morro!
E que morra comigo
A estrela de tantos amores
Já que não vejo em meu peito
Nenhum punhado sequer
De murchas flores.
( Anderson Cleiton)