Filho...

 Um dia seremos nós...
 E a noite e a chuva também serão!
 E soluçarás o teu choro entre risos.
 E a magia do tempo te entorpecerá!
 E como as pétalas se abandonam ao vento,
 tu te abandonarás em mim com o teu perfume!
 E cheirando a desejo, sorverás a lua...
 E a tomarás, tua!
 E me tomarás, nua!
 E me fulminarás, crua, como um matador...
 A minha carne dilacerada manchará o teu ventre.
 E do teu ventre surgirá um fruto belo!...
 Palpitante, feliz e sujo do meu sangue!
Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 09/02/2007
Reeditado em 18/02/2021
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