HORA ÍNTIMA

Quero ver

Na tua hora mais íntima

No frio da tua cama

Onde a morte acenando te chama

Num balé intrépido e vil.

Quero ver

Teu perfil quase senil,

que lembram as flores de abril

Cândidas, sonolentas, mas belas

Como as mãos de Matisse nas telas.

Quero ver

O teu olhar vitrificado

Parado na diagonal do quarto

Embaçar o nosso retrato

Que em vão procuras lembrar

Mas a hora é chegada

Pensando em mim como amada

Tomas em minhas mãos sagradas

As bênçãos e os perdões deste mundo

E num suspiro muito profundo

A morte então te arrebata.

NADIA VENTURA
Enviado por NADIA VENTURA em 27/06/2012
Reeditado em 29/06/2012
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