HORA ÍNTIMA
Quero ver
Na tua hora mais íntima
No frio da tua cama
Onde a morte acenando te chama
Num balé intrépido e vil.
Quero ver
Teu perfil quase senil,
que lembram as flores de abril
Cândidas, sonolentas, mas belas
Como as mãos de Matisse nas telas.
Quero ver
O teu olhar vitrificado
Parado na diagonal do quarto
Embaçar o nosso retrato
Que em vão procuras lembrar
Mas a hora é chegada
Pensando em mim como amada
Tomas em minhas mãos sagradas
As bênçãos e os perdões deste mundo
E num suspiro muito profundo
A morte então te arrebata.