Auto Retrato
Tenho lá um jeito tímido
De falar
De gesticular e sorrir
Tenho um jeito leve
De tocar
De olhar
Tenho um jeito
De simplesmente
Ouvir uma canção
E viver (de novo) o momento
Que a música marcou no passado
Tenho lá um jeito calado
De ver a vida
De esperar a ferida cicatrizar e recomeçar depois
Tenho um jeito sonolento
De fazer amor
De reclamar
Tenho um jeito
De constantemente
Olhar para o horizonte
E ter a certeza
De que posso ir cada vez mais longe daqui
Tenho lá um jeito malvado
De dizer “eu te amo”
De iludir com palavras doces
Tenho um jeito maquiavélico
De sorrir
De falar a verdade ou de mentir
Tenho um jeito
De transcender
As expectativas
De quem espera de mim
Aquilo que simplesmente deixei de ser há muito tempo
Tenho lá um jeito engraçado
De dar risada
De contar piada
Tenho um jeito desengonçado
De vestir
De andar
Tenho meu jeito estranho
De ver o pôr da lua
Quando todos esperam o sol nascer
Numa quase manhã de um céu cheio de estrelas