ANJOS CHEIRANDO COLA

Meus anjos não tem asas

Cheiram cola nas praças e calçadas

Mendigam moedas

Imploram pão, roubam e são maltratadas

Meus anjos não vivem em paraísos

Não tem sorrisos, tem caries nos dentes

Vivem em favelas longes, não vivem são sobreviventes

Não tem mãe nem pai nem um ascendente

Vivem em desgosto com os incoerentes

No entanto estes anjos querem ser decentes

Ter onde morar, estudar se alimentar, escovar os dentes

Meus anjos são pedra no sapato de muita gente

Gente que são como ervas daninhas

Em frente as câmeras posam de boazinhas

Crianças nômades cheirando cola

Desintegradas, pedindo esmola

Cumulo da barbárie, cadê a igualdade

Tratem estes anjos como gente

Pelo amor de DEUS sejam coerentes

(Orides Siqueira)