The age of propaganda


Um guerrilheiro camuflado de brilho,
num desfile de caranaval minimalista.
E quando me encontram, é difícil separar
onde começa o mito de penas de faisão,
e homem que faz pouco do espanto alheio.
Estou estampado em rótulos como desaparecido,
procurado no Peru, na Ásia Menor e no Cazaquistão,
estou escurraçado de casa, como clone de meu irmão,
estou exposto na página central de revistas desonestas,
estou no horário eleitoral, que passa na selva e na metrópole,
achincalhado nos manuais de boa convivência,
tocando a cuíca dos amigos desavisados,
dando voltas em torno do próprio eixo, descentralizado,
eu sou o verbete que designa o plágio.
Me embalsamem quando eu estiver morto,
fotografem minha cara morta e levem pra casa,
use como amuleto para atrair o ser amado,
usem como excitante, para enrigecer a meia bomba,
use como castigo para o menino mal criado.

Tudo o que dizem, o que fazem, o que procuram,
é tudo uma grande mentira.
Mentira que conhecem a obscuridade,
mentira que amam a ponto de morrer,
mentira que suportam todo o sangue que descrevem.
E todos sonham com uma estrela na testa,
para depois serem leiloados e aparecerem
impávidos e colossais num leilão de gado.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 27/06/2012
Reeditado em 27/06/2012
Código do texto: T3747575
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