= Aprendiz da vida =
Tem época na vida que nos fazemos outono
abandonamos as velhas folhas
podamos as ramagem que nos tornam improdutivos
quebramos os secos galhos
chegado até o inverno num estado temporário de dormência.
No calor do verão, sentimos, aquecidos, vivos
rejuvenescido em amor
Tornamo-nos melhores pelas experiências vividas.
Quem sabe chegarei a primavera?
Pássaros cantores, borboletas multicores
de repente abrirei em flores
os sonhos nunca são pedidos.
Acho que não estou dizendo coisa com coisa.
A vida nos cobra atitudes
e nem sempre as escolhas são certeiras.
Os dias que se passam, alguns como música
maravilhosas, cheirando a harmonia.
Outros, são como um assobio displicente em noite escura
vem logo a vontade de não tê-lo emitido.
Ainda há outros que apagam as cores, vem o frio, desprovido de pudores
açoitando o corpo sem defesa, nu.
Eu sou como a cigarra que, canta, canta, canta...
Não me fiz crer que o amanhã é um dia muiiiiito grande!
Banhei-me no lago dos desejos.
Degustei do fruto amargo, das arvores espinhosas da desilusão.
Bebi do pólen das flores belas que destilavam veneno.
Renasci no arroio de águas puras onde minh’alma se embebedou.
Subi bem no alto da colina, lancei-me ao acaso, me feri, arranhei-me a cada queda
partes ou pequenos pedaços ficaram ao relento.
Pássaros divinos ensinaram-me a plainar, conduziram-me as estelas, deram brilho ao meu ser, não desfizeram as cicatrizes, amenizaram as minhas dores.
Sai pela noite, sem rumo, sem felicidade e sem dor, tomei um gole da porção do amor. O mundo ficou encantado, flores, sorrisos e quimeras. Eu ferido, sou feliz, contamine-me irremediavelmente pelo vírus do amor primavera.
Tonhotavares.