CIO & MALANDRAGEM
Que os relógios não parem quando o eixo dos tempos
quebrar a espinha das estradas
cinza esverdeado o céu fedia, ô fedia muito, o céu fedia
quando as sanguessugas subiam pelos raios empacados
e torciam as entranhas do universo.
A aurora era uma abóbada sobre o peito
e o que ficou da dissolução
dissonante
dos apelos – fúnebres como a moral e a futilidade
foi um escarro avermelhado borbulhando
na esquina
Ninguém beija o meu rosto esburacado de cupim
nenhum homem estende a mão
mesmo quando salvo o mais infeliz dos órfãos
do afogamento dos cuspidos no batismo
A demolição dos peitos encheu a cidade de carne podre
calafrios prateados desmoronam gargantas
e quando as botas da manhã me quebrarem as costas
sentirei o último orgasmo
mole, molemente espreguiçado
Mondrongos e escrotos
mergulham nas bibocas espirituais
bêbados pelo sangue das massas
abandonados pelos bajuladores
enquanto vampiros espreitam janelas
carregando garras afiadas
corações vazios e sombras delirantes
e o espetáculo da mortificação dos justos
é oferecido na cicatriz da aurora grisalha e cabeluda
embaixo da fornalha dos sóis
onde a estrada é rolante
e dentro dos olhos em diante
portas douradas abrem
furiosas revelâncias
apresentando em números os planos do céu
no ritmo da vertigem desenfreada
Cio e Malandragem
Mecânica Libertária
Amor e Rebeldia
anjos pisoteando
a Vaidade com Desdém