A tristeza é uma velha amiga

A tristeza é uma velha amiga:

Na infância eu queria ser deprimido

Porque li que os grandes artistas

São deprimidos,

Depois quando cresci não queria ser triste

Mas já não conseguia:

A tristeza havia me arrebatado.

Eu encosto minha cabeça na geladeira

E me sinto irremediavelmente triste,

Penso na arte, no céu estrelado e em boas noites de sono,

Mas meu coração se sente alheio a tudo.

Sinto um enorme fracasso na minha vida

E das dos homens de uma forma geral:

O amor não é uma resposta possível

Embora seja um momento possível, tão somente.

Tenho vontade de chorar e às vezes choro

Porque não posso simplesmente fingir o tempo todo

Que sou um jovem inteligente, bem sucedido

E com força para estrangular a morte.

Já fui esbofeteado e não apenas por inimigos

E como é difícil ser jesus cristo, não pela cruz

Mas pelo perdão. É esperado que o amor nos fizesse

Pessoas melhores, o que tem acontecido, apesar

De tudo.

Penso em música e em compaixão

Nossa história humana de mil nadas

E escrevo uma estrofe gigante

Cheia de tristeza e rancor

Como um salmo do profeta Jeremias.

Abri uma garrafa de vinho

Pensando em afogar nele a tristeza que sinto.

As famílias são todas felizes

Menos a mãe geralmente uma figura de dor.

Deus seria uma palavra gloriosa

Se fosse verdadeira,

Assim como o amor e a redenção,

A maternidade e a alma humana.

Mas é preciso perceber:

Toda a tristeza humana,

Subjacente a tudo,

Nos diz simplesmente:

Continue.

Daniel Barbosa
Enviado por Daniel Barbosa em 26/06/2012
Código do texto: T3746130
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.