A tristeza é uma velha amiga
A tristeza é uma velha amiga:
Na infância eu queria ser deprimido
Porque li que os grandes artistas
São deprimidos,
Depois quando cresci não queria ser triste
Mas já não conseguia:
A tristeza havia me arrebatado.
Eu encosto minha cabeça na geladeira
E me sinto irremediavelmente triste,
Penso na arte, no céu estrelado e em boas noites de sono,
Mas meu coração se sente alheio a tudo.
Sinto um enorme fracasso na minha vida
E das dos homens de uma forma geral:
O amor não é uma resposta possível
Embora seja um momento possível, tão somente.
Tenho vontade de chorar e às vezes choro
Porque não posso simplesmente fingir o tempo todo
Que sou um jovem inteligente, bem sucedido
E com força para estrangular a morte.
Já fui esbofeteado e não apenas por inimigos
E como é difícil ser jesus cristo, não pela cruz
Mas pelo perdão. É esperado que o amor nos fizesse
Pessoas melhores, o que tem acontecido, apesar
De tudo.
Penso em música e em compaixão
Nossa história humana de mil nadas
E escrevo uma estrofe gigante
Cheia de tristeza e rancor
Como um salmo do profeta Jeremias.
Abri uma garrafa de vinho
Pensando em afogar nele a tristeza que sinto.
As famílias são todas felizes
Menos a mãe geralmente uma figura de dor.
Deus seria uma palavra gloriosa
Se fosse verdadeira,
Assim como o amor e a redenção,
A maternidade e a alma humana.
Mas é preciso perceber:
Toda a tristeza humana,
Subjacente a tudo,
Nos diz simplesmente:
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