.:|O Flagelo do Poeta|:.

Disso tudo que guardei

Eu bem sei:

Muito há de dispensável

É que alguma coisa neste

Tão irrenunciável lixo

Me distrai

Me projeta ao longe a mente

E aliena

Toda minha dor ou pena

Eis a sina do poeta

Cuja jugular aberta

Faz verter-lhe a vida em vão

Toda a dor que o arrebata

Como estalo de chibata

Lhe retém preso ao chão.

O inverso de si mesmo

Nada bem, nada o acata

Nada insano, sano ou são

Ele vive justamente

Daquilo tudo que o mata.

24Jun12

.:|Ricardo|Vieira|:.