Cidade Fantasma
Habito essa cidade fantasma de hipóteses
Onde os portões escancarados desconvidam
E as sombras de um mesmo obelisco se multiplicam
Desorientando os mapas cartográficos de Colombo
Durmo em chão batido... Quando durmo
Temo os lobos do amanhecer, de olhos atentos.
E os fantasmas nos edifícios olham-me de soslaio
Desconfiados que eu descerrasse as cortinas do sol
Mas entre uivos e uma vegetação rasteira
Eu armo arapucas com os espinhos da vida
Tentando capturar as cores que fugiram
E foram morar em uma aurora boreal
Tantos foram os deslizes sem diretrizes
Mas esse lar é muito frio nos dias de verão
Por isso que eu bebia o néctar dos deuses
E embriagava-me em poesias torpes
Mas a independência dos sentidos foi aclamada
E deixei as gardênias solitárias em meu quintal
Joguei minha velha carcaça aos lobos famintos
E mergulhei despido do peso dos pecados
No mar de areia das ampulhetas da criação..