Rei morto

A emoção força o muro da lucidez,

Razão e sentir travam seu debate;

Chocam-se o sabido e o desejado,

Alma é o campo desse combate...

A solidão zomba de seu freguês,

E o próprio motejo é um acicate,

Leão ferido, um desafio lançado,

O vaticínio se volta contra o vate...

Desengano tonteia, por sua vez,

Lutador tonto não sabe onde bate;

Ainda em pé embora nocauteado,

cão que não morde, tampouco late...

Arco-íris avisa, da chuva foi a vez,

seu brilho natural, sem engraxate;

alma sabe anseios não, os porquês,

razão acha o seu inglório arremate...

mas, ela ainda prefere jogar xadrez,

Acreditando que estamos empate;

Coração rendido é rei encurralado,

Game over, fim do jogo, xeque-mate...