ATÉ QUE ACABE A PAIXÃO

Partiste antes que eu pudesse
me desvencilhar da paixão.

Agora ando entre becos de outonos
e brisas de setembro, confuso.
Não sei quem é a dona da saudade
que me assombra.

Também não sei quem me resta
em noites mal-dormidas e espero
para dividir o café da manhã.

Quando em festa, a sós,
sirvo duas taças de champanhe,
mas nem sei com quem brindo.

Continuo comprando
a manga que tu gostas
e que apodrece na fruteira.

Vez por por outra viro o colchão de molas,
porque ainda durmo de um mesmo lado da cama.

Ainda saio do trabalho direto para casa,
como se lá pudesse te encontrar.

Partiste e sei que não voltarás,
mas a paixão que ficou te mantém aqui.

Fiel, ficarei,
até que a paixão desista de mim.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 25/06/2012
Reeditado em 27/07/2014
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