Parada no tempo

Seus olhos gastos de chorar

alongaram-se pela rua

na espera sem esperar

da volta dos teus passos.

Saíste e assobiavas

olhando o Sol de frente

esquecido de acenar

sentindo o sangue ferver.

E ela, debruçada na janela

qual boneca abandonada

quando se muda de casa

nem dá pela noite chegar.

Partiste entre o alegre e o triste

liberto do repetido viver

sem desgostos nem surpresas.

Terias deixado o relógio sobre a mesa?

Seus olhos cansados de tanto olhar

fecharam-se mansamente...

A lua olhou-a no rosto,

iluminou-lhe o sonhar.

Eugénia Tabosa
Enviado por Eugénia Tabosa em 09/02/2007
Código do texto: T374432
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