Trabalhador Americano





Band-aid no dedo,
cigarro na boca,
encostado na esquina,
sobrecarga de hormônios.
Estilete na bota,
linha imaginária branca,
entre as coxas e a janela do carro,
e um autêntico "American blowjob".

Depois o brilho meio suspeito,
do que se limpa da boca,
espera-se pela próxima carona.
Os jeans foram embalados à vácuo,
em pernas trêmulas de músculos tensos,
e eu sei bem o que se faz nessas horas:
embola-se o dinheiro no bolso esquerdo,
estica -se o dedo médio para as palavras doces,
e pensa-se:
Estamos todos imersos na merda da poesia,
ou imersos na poesia da merda.
Duvido que suas pernas cruzadas,
que escondem o sexo pulsante,
pensem em ninfas e musas virginais.
Surpresa:
Simplesmente a poesia morreu
quando o zipper expôs um falo pra o mundo,
e todas as bocas e buracos se abriram
para fazerem um poema prático.
Pago ou simplesmente...no crediário.
Ou você ainda se ilude,
pensando que a foda em seu lar sacrossanto
não acarreta alterações no cartão de crédito?

Não importa, pois o corpo se recupera,
e a mente deleta.
O peito malhado substitui a consciência,
o traseiro fustigado, substitui a paciência,
e tudo isso é som de anti-Trance,
dançado por cabeças de cabelos arrepiados,
numa esquina de um mundo qualquer,
bem próximo da sua casa.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 25/06/2012
Reeditado em 25/06/2012
Código do texto: T3743619
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