Dia de Santo Antônio

Cheiro de alecrim lembra missa

em data especial,

sinos,

velas,

coroação de Santo Antônio,

dona Hilda cantando

lírios

em louvor

ao venerado

casamenteiro português.

Em Lisboa,

sua casa

de pedra

fria (morada pobre,

humilde,

onde o papa se ajoelhou

no chão

e até eu, que não sou de santos,

indefeso,

chorei)

– no dia dele,

sua casa

é o mundo.

Lisboa se ilumina

para vê-lo passar

em procissão,

conduzido no balanço

de mãos trêmulas

pelas ruas estreitas

do bairro velho,

até a igreja setecentista,

no morro,

construída por devotos

ainda assustados

com o terrível terremoto

de 1755.

Cheiro de alecrim lembra

Dia de Santo Antônio...

E hoje,

na roça,

fim de tarde,

eu e meu filho de três anos,

no canteiro de ervas do avô,

amassamos dois raminhos com as mãos

e cheiramos.

O menino fez “Hummmm”,

e saiu correndo

para brincar.

Eu,

com minha bagagem

de idas

e vindas,

olhei para o alto

e senti

o passado

vindo

com a força

de uma enorme enxurrada.

No céu

um jato

atravessava

o

pôr

do

sol

com

sua

cauda

cor

de

rosa.

Flávio Marcus da Silva
Enviado por Flávio Marcus da Silva em 25/06/2012
Código do texto: T3743359
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.