Dilema vampírico
Quando triste,
vago na noite,
em busca de gargalhadas,
nesta longa estrada da vida.
Ida minha tristeza,
a reencontro nos olhos
da beleza posta em minha mesa
de jantar, leito de felicidade,
desfeita pela luz do dia.
Eu me saciei de você
e só deixei restos
dos sonhos que você sonhou.
O Tempo me amaldiçoou,
pois em meu voo,
engulo você,
que me deu prazer,
só porque você não quis
viver comigo no depois.
Eu o engulo,
eu me anulo,
mas de nada mais vale:
já roubei seu sorriso,
na noite que se foi,
no seu derramar em mim...
Já comi da carne,
roí seus ossos,
deixei só resto
e atesto
que me alimentei de você,
quando só queria
sonhar que você dividira
sua vida comigo.
Sou vampiro, sou mendigo,
de amor e do prazer
que de seu ser
suguei.
Hei, hei de os devolver,
quando em meu ser
encontrar a luz
de toda esta escuridão.
Desculpe,
não queria,
que eu me alimentasse,
que eu me saciasse,
de você...
Como vegetariano distraído,
eu me distraí
e distraidamente,
devorei você...