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Para morrer... nascí!
Nos idos de mil novecentos
E cinquenta e oito
A seca inclemente
No lugarejo do Corrégo
(hoje Luís Correa)
Matava mais que febre amarela
Dizimava mais que a guerra no Vietnã
Mais até que o holocausto de Adolf Hitler
Enfim um tiro certeiro
De trinta e oito no peito
Não tinha saída!
Ou emigraríamos para o Rio, São Paulo
Ou Brasília, ou morreríamos esturricados
Feitos gravetos, saciando a fome
Miserável da seca, castigados
Pelo sortilégio da natureza
Fugíamos assim sob as bençãos
Do Padre Cícero, para não sermos carbonizados
Pela língua dragônica do sol furioso
Assim quem sabe tentaríamos em última instância
Salvar e preservar a vida e os sonhos
Preservando os sonhos para salvar a vida
Do verde, dos animais... enfim a vida
Que restou de nós, daquela terrível
seca de mil novecentos e cinquenta e oito.
*Dedico este poema à Sao Jõao! e ao
mês encantado de junho.
CR$VELHO Brasília - 24/06/2012
CONSTANTINO GRIGÓRIO BARUC