REI MORTO REI POSTO
As coisas que fiz... ficaram para traz
Ladrando como cães distantes em uma noite interminável
Os desejos que ocultei... Hoje urram nas ruas
Saltam da minha face marcada em total e imoral descontrole
Os medos que carreguei... não são mais dignos de mim
São apenas vermes coleantes diante das novas verdades
As descobertas que eu não quis... eu as tive todas
Eu fiz todas
Rudezas insensatas em meu coração ferido
As alvoradas pelas quais ansiei jamais vieram
Devem estar ate hoje paralisadas na garganta cruel de algum deus zombeteiro
E como zombam estes deuses...
Como zombam...
As lagrimas que eu tinha... eu as derramei todas...
Me vi vazio de prantos...
Julguei-me imune a prantos...
Mas há sempre lagrimas nascendo aqui nesta terra
Os amores que cultivei...
Permanecem amores...
Mas tão isolados...
Tão tolamente alienados de minhas existências erráticas
Os amores que cultivei já não parecem o bastante...
As sombras os sorrisos as palavras todos os atos em fim de tempos pretéritos e ainda assim tão reais... tão presentes ...hoje são fantasmas num castelo
Meu castelo...
A morada que não parece um lar
Que não me acolhe...
Aprisiona...
Os favores que concedi foram esquecidos
Os que recebi sempre voltam em cobranças
A vida que eu conheci desvaneceu na esteira cruel dos dias
Desgastou...
Como desgastam os brinquedos de uma criança descuidada
Uma criança maldosa...
A vida que vivi esta morrendo...
Esta já morta...
Como um velho rei que pereceu
O rei esta morto...
Vida longa ao rei.