Vício
tantas palavras,
e... nenhuma delas
abraça-me, basta-me
nessa hemorrágica safra
letras derretidas, debatem-se
teimosas, intactas
e eu... eu nada digo
observo, escrevo, apago,
escrava, das palavras...
palavras que nada dizem
fingem e fingem de mim
ter a cura, a culpa...
estranho vínculo
entre meus dedos
e os segundos...
a espera do toque
o derrame do verso
tatuando instantes...
e cá estou eu
cuspida, escarrada
em palavras...