Manifesto: Baile [Prelúdio]
Baila, baila, moço da rubra rosa
Baila enquanto ainda fores capaz
No baile da música silenciosa
Musica-se belíssimo rapaz
Parando sob o breu desta mimosa
Noite de fúnebre nino luar
Teu mimo se tornará falsa prosa
Rosa negra a ti rúbido enfeitar
Baila, baila, moço do bom perfume
Baila, enquanto ainda fores capaz
Teu bailar me tonteia de ciúmes
E teu perfume ronda e estupefaz
Tua rondante veste negra seduz-me
Nesta taciturna noite sem lua
Noite cujo taciturno negrume
Explicita tua lívida tez tua
Baila, Baila, moço do olhar cristal
Baila enquanto ainda fores capaz
Teu bailar se faz sobrenatural
Rapinando-te o coração fugaz
No calor da batida visceral
Esviscera sem instinto pueril
Em febril investida como tal
Maculou teu meu coração hostil
Baila, Baila, moço do baile eterno
Baila enquanto ainda fores capaz
Neste baile dos mil prantos enfermos
As lágrimas te fazem brilhar mais
E no brilho das chamas desse inferno
Chamam teu sorriso luciferino
Pois tu felino em negríssimo terno
Em bailes eternos nos fez teu mimo
Baila, Baila, moço do breu divino
Em vil nino a todos encantarás
Moço do belo sorrir de menino
Baila enquanto ainda fores capaz