Saudades

E não é sempre que doo

E não é sempre que sinto

E agora que sinto, na mais fúnebre das dores

E agora que doo, na mais suicida das pestes

Agora que abortei

Agora que degluti

Volto a doer

Volto a sentir

Sem defesas

Voltei a sentir

Saudades

E tua falta me enforca

Me sufoca

E nos sufocos de teus ósculos, clamo por mentiras

Nos calores de nossos corpos, rezo por sonhos

No frio de minha solidão, almejo a morte

E isso me torna poeta

Melancólico teu poeta

E busco-te

Dentre as velas enceradas deste epitáfio gélido

Nas tácitas, e como tácitas, lágrimas que custo a chorar

Nos choros que custo a confessar

Nas fraquezas que confesso

E lembro que doia

E tenho saudade dessa dor

Saudades de te tocar

De te sentir em mim

De me sentir mentir em ti

E mil vezes mentir

E não é sempre que amo

E não é sempre que sinto

Não sei se sei amar, se minto saber que amo ou se amo saber mentir

Sei que te quero aqui

De verdade

Sei que hoje senti tua falta

E não é sempre que sinto

Mas toda vez que sinto

Morro

Kokoro
Enviado por Kokoro em 22/06/2012
Reeditado em 20/04/2014
Código do texto: T3738625
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.