Mentiras

Não cansa, moço, de viver na minha cabeça?

Cutucando a concentração só pra dizer que está aí, mas lá

Moço, desiste, sai daí, voa, vê, vive

E deixa voar, deixa ver, deixa viver

Só não deixa amar

Ah, moço, finge que o teatro acabou, fecha as cortinas

Deixa eu achar que te esqueci

Porque é tudo tão rápido, tão passa, tão morre

Um dia vai que te esqueço mesmo

E quero te esquecer

E quero(-)te

Quero te odiar nos gritos ríspidos dum romance, daqueles que se chora

Quero olhar o relógio passar nas horas, pensar em tudo, só não em ti

Mas por que o relógio não passa, você passa?

Por que os passarinhos, desses de fio telefônico, cantam você?

Encantando eu

Sabe? É hora de guardar o papel e a caneta e o caderno e as histórias

Não tenho onde enfiar tudo isso

Nem vou poder enterrar ou matar

Resta-me morrer

Mas morrer de paixão, porque dizem os românticos que morrer de paixão

É mais bonito

E, veja só, o bonito é gente

E eu escrevo

E eu juro

Esquecer esse meu moço

Nesse papel

Kokoro
Enviado por Kokoro em 22/06/2012
Código do texto: T3738420
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