Mentiras
Não cansa, moço, de viver na minha cabeça?
Cutucando a concentração só pra dizer que está aí, mas lá
Moço, desiste, sai daí, voa, vê, vive
E deixa voar, deixa ver, deixa viver
Só não deixa amar
Ah, moço, finge que o teatro acabou, fecha as cortinas
Deixa eu achar que te esqueci
Porque é tudo tão rápido, tão passa, tão morre
Um dia vai que te esqueço mesmo
E quero te esquecer
E quero(-)te
Quero te odiar nos gritos ríspidos dum romance, daqueles que se chora
Quero olhar o relógio passar nas horas, pensar em tudo, só não em ti
Mas por que o relógio não passa, você passa?
Por que os passarinhos, desses de fio telefônico, cantam você?
Encantando eu
Sabe? É hora de guardar o papel e a caneta e o caderno e as histórias
Não tenho onde enfiar tudo isso
Nem vou poder enterrar ou matar
Resta-me morrer
Mas morrer de paixão, porque dizem os românticos que morrer de paixão
É mais bonito
E, veja só, o bonito é gente
E eu escrevo
E eu juro
Esquecer esse meu moço
Nesse papel