Onde?
Onde?
maria da graça almeida
Rio, de Janeiro a dezembro,
luz, verão de ano inteiro,
estação de sol sagaz.
Nem sei eu... pouco me lembro
dos sonhos, dos devaneios...
Preciso crer que inda existam,
insistam, persistam, tão mais.
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Quero o Rio de olhar antigo
sem o risco do inimigo,
que ora impinge aos vencidos
o temor e o castigo.
Quero o dia sempre vivo,
passeando sem perigo
e as noites bem dispostas,
escancarados, peitos e portas.
Quero o infante ora armado
apenas com a bala da baba
de uma boca que se gaba
da nascente mais formosa,
onde quente a natureza
fez a bênção permanente
do esplendor e da beleza.
Quero o Rio reflorescido
por cariocas falantes;
pelos encantos flagrantes
de seus morros e mares
e de todos os lugares
onde um dia sem cortina
a quietude matutina
era apenas alvejada
pelo riso das meninas.
Quero a face iluminada,
a calma vivenciada,
revelando que a vida
só vale a pena viver,
quando, simples
e claramente,
nada se tem a temer.