Uma bola.

Chutam pelo campo

uma bola sem sentido,

de ar, de dinheiro,

uma bola que rouba.

Uma bola inútil,

que deixa na carência tantas crianças,

rouba o leite matinal,

e destrói a educação.

Crianças tão cedo com essa bola.

Ela é pior que droga,

rouba e mata,

mas é na escondidinha.

Todos sabem dessa bola assassina,

mas nem dão bola (irônico, não?).

Depois choram que seus filhos

crescem, reproduzem, choram, sofrem

e continuam a não dar bola

para as coisas importantes.

A única coisa que vem na cabeça,

é aquela bola inútil.

Ela é pequena,

mas faz um grande estrago,

em uma sociedade cega, cegou-se.

Ela canta, ela grita

um só time, um só coração,

uma só adoração,

todos no mesmo coro: alegremo-nos, pois amanhã morreremos!

Uma paixão cega.

Quanto por uma bola?

Qual o preço dessa bola?

Todos os filhos, esse é o preço.

Preço de sangue,

por uma bola.

Mas eles não ligam,

ainda ficam com a bola.

O time adora a bola,

todos adoram a bola,

como em um altar redondo,

com todos apaixonados.

Continuem a gritar:

Gol, gol, gol!

E cantem o hino nacional,

nos campos de fome e dor.

Comprem essa bola,

patrocinem-na.

Bola essa, que estoura fácil.

Bola de futebol.

[21/06/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 21/06/2012
Reeditado em 21/06/2012
Código do texto: T3735807
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