CANTO 45
H. Amador.
A noite é longa quando a dor chora sem consolo, como
longos são os dias do infortúnio para quem, como eu, não
possui um círio de esperança aceso no tocheiro do coração.
Pranto copioso jorra-me pela face fortemente assinalada
pela fúria do desespero sem refrigério.
Compreender a intensidade de lágrimas derramadas pe-
la dor incomensurável de um coração ferido, será trabalho
impossível à fragilidade da mente comprimida pelas barrei-
ras carnais.
“ Inleliz daquele a quem não é dado o direito de chorar; só o pranto afoga a dor que a vontade não conse-
gue destruir”.
Aluízio Azevedo.