Desejo e Amanhecer
Úmida volúpia fresca
De raízes e laços
De corpo matinal
Ventre de água! Dorso de fogo!
No teu lábio um vinhedo
Deserto de frutos decaídos
Suor lacrimejando vinho
Saliva doce de esquecimento
Teu seio entardece a dor
Teus olhos anoitecidos
Com a fronte mascarada de timidez
E os seios dissipando o desejo
Veste pálida
Pele estremecida
Lírio palpitante
Pulsa tua carne
Queima teu sangue
Deite-se sobre o seio
Ouça o silêncio musical
Sinta o luzir da lua sobre ambos
O calor dos corpos nus
Suspire o infinito por entre a folhagem virgem
O amanhecer é um abismo
E somos amantes da noite
Então se deite!
Deguste o instante
Esqueça as horas velhas
Encham de seda e lendas teus olhos
Pois a morte esta em nossos peitos adormecida
Então se deite!
Colha de minha saudade toda a luz
E de minha dor todo o prazer desnudo
Vamos ferir a madrugada e sangrar até antes do amanhecer
Então se deite Amor!
Fecha teus olhos
Acalma tuas pálpebras
Apenas seja toda minha
Nesta lama sórdida que é o mundo