Desejo e Amanhecer

Úmida volúpia fresca

De raízes e laços

De corpo matinal

Ventre de água! Dorso de fogo!

No teu lábio um vinhedo

Deserto de frutos decaídos

Suor lacrimejando vinho

Saliva doce de esquecimento

Teu seio entardece a dor

Teus olhos anoitecidos

Com a fronte mascarada de timidez

E os seios dissipando o desejo

Veste pálida

Pele estremecida

Lírio palpitante

Pulsa tua carne

Queima teu sangue

Deite-se sobre o seio

Ouça o silêncio musical

Sinta o luzir da lua sobre ambos

O calor dos corpos nus

Suspire o infinito por entre a folhagem virgem

O amanhecer é um abismo

E somos amantes da noite

Então se deite!

Deguste o instante

Esqueça as horas velhas

Encham de seda e lendas teus olhos

Pois a morte esta em nossos peitos adormecida

Então se deite!

Colha de minha saudade toda a luz

E de minha dor todo o prazer desnudo

Vamos ferir a madrugada e sangrar até antes do amanhecer

Então se deite Amor!

Fecha teus olhos

Acalma tuas pálpebras

Apenas seja toda minha

Nesta lama sórdida que é o mundo

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 20/06/2012
Código do texto: T3735686
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