DURA
...
A agonia da própria poesia...
Dizendo porque diria e/ou não diria...
Ela vivendo sob ela
Dizendo dela como qualquer outra diria...
Querendo dizer e dizendo que diria...
Mas não dizendo o quê/nem quanto poderia...
Porque se sim, (se assim) se esgotaria...
Todos nós, poetas, sabemos...
Das indiretas, das indiscretas...
Das curvas das linhas retas...
Dos modos como as obtemos...
Eis a dor dizendo dela
Como dói nela o que não dela
E/ou o que só dela...
Porque só ela é quem fala por ela...
Isso mais parece transcrição...
Pouco escrito, nenhum dito...
Mais obtenção...
Modo obscuro de observar pelo furo no muro...
Como é mole a parte mole disso duro...
Como dura a parte dura disso mole...
Melhor transformar em mistura...
Mistura mole dura...
Dura...
Dura...
Diz, pra mim, criatura...
Estamos mais para indústria...
Ou manufatura?
...
Será que dura?