Não escolho.
Eu não escolho nada,
nem esperar (como alguns dizem)
ou ser.
Nasci sem escolher, e fui concebido em parto preocupante.
Não escolho ser,
não escolho viver ou morrer,
não escolho ter ou deixar,
sentimento ou não,
apenas não escolho (como?)
Em estrondo ensurdecedor,
ao bater dos tambores
em marcha terrível,
não escolho sentir o terror,
eu o sinto.
Em bodas comemorativas,
não escolho alegrar-me em alta voz,
eu me alegro,
apenas alegria, sem escolha.
Chorar no lamento ou não,
depende do meu coração.
E não sou eu quem decido este coração,
seria eu onisciente?
Seria eu onipotente?
Onipresente?
Chamam-me de boneco?
E se sou boneco de pano, o que importa?
Estou aqui para contar a minha falta de escolha,
opções eu tenho,
agora o escolher,
a mim não compete dizê-lo.
Espere!
Como deixará de comer a maçã,
se você a ama?
Jovem, você a ama.
E como você escolherá uma morte terrível,
se você a odeia?
Morte não-eterna,
momentânea e impossível para você,
assim, simplesmente, escolher.
Soberba essa sua soberania, não?
Sua escolha é deficiente,
sem as pernas, braços,
e o cérebro foi esmagado.
Apenas restam duas mãos quebradas,
que não conseguem erguer o copo.
Suas mãos, e minhas mãos
ambas quebradas, incapacitadas.
Deus meu, Deus meu!
Este não é o clamor do homem,
mas do Espírito.
Saiu de nossa boca, como vaso usado.
Pela misericórdia vejo isso,
não pela minha escolha.
Ela foi morta e humilhada, a escolha digo.
A misericórdia continua, salvando-me.
[18/06/12]
Cesare, em tudo capacitado pelo Senhor.