Relógio Cuco

Pluriversos em universos

Somente os versos

Todos dispersos

E há amarras em planetas fúnebres

Empanturrado, dilacerado, entrecortado

Em Capadócias e Babilônias

Planto jardins desenterrados

Mil cores, mil flores, todas são begônias

Em universo tão controverso

Gritos de dor em Constantinopla

Ou mais um verso agora inverso

Deteriorando nesse reverso

E às voltas com ponteiros de relógio cuco

As estrofes repudiam o tempo das notas

Em trinares da meia-noite em uma sala de jantar

Em rugidos do meio-dia em um zoológico qualquer

São universos e pluriversos, não mais comuns,

todos inversos, dispersos em versos, reversos;

e no relógio um retrocesso, mais um planeta nasceu.

Então apaguei meus versos

Apaguei todas as luzes

E as estrelas

E os vaga-lumes

E dormi no escuro vácuo de meu quarto assustador

E o relógio cuco já deixou de trinar nas meias-noites

O que se ouve são somente as areias do tempo a divagar