Pouca coisa
Pouca coisa
maria da graça almeida
Ando a falar o óbvio
e a refletir no singular.
Apego -me às anáforas
a bisar, a bisar, a reprisar...
Resvalo na mesmice
e destilo redundância.
Componho-me de asneiras
e trago a boca cheia
de ecos e ressonâncias,
que me põem a versejar,
sem ter mesmo o que falar.
Vez ou outra, engulo a língua,
só para não poetizar
versos de um poema torto,
que se equivocou até na escolha
da única forma de amar.