Nosso medos
Nosso medos, meu Deus, são fantasmas de infância que se escondem no porão ou sob nossas camas.Estão abraçados com o medo de confessá-los, de admitir que os monstros ainda arranham nosso armário e só nós ouvimos seus rugidos. Seguram as linhas de nossos traumas e se escondem das lanternas dos caçadores que chamamos de psicólogos. Nós os deixamos crescer e se tornarem mutantes.São fobias que nos consomem, síndromes que esticam ao máximo os nervos no último quarto, na câmara mais escura de nosso interior.
Nossos medos, meu Deus, são crenças distorcidas do pior e do mal que nos nega beber a alegria da vida ou mergulhar despudoradamente naquilo que há de melhor e saudável. São coisas cativas do coração que deixamos devorar nosso tempo. E se parássemos ao menos para pensar que nada é além de uma sombra, e se arriscássemos abrir a porta sem precisar acender as luzes, sim, iríamos achar graça ao olhar nosso reflexo, porque o maior medo está em nós.