CANTO 38
A lembrança do nosso namoro noivado e casamento que
ruiu tão fragorosamente, povoa meu pensamento com a for-
ça das recordações dolorosas, ecoando em meu coração e
em todo o meu desgraçado ser, como a plangência fúnebre
de um sino melancólico que anuncia a morte de alguém.
Passados quase trinta anos de uma conivência contur-
bada, conflitante e eminentemente desajustada, percebo o quanto fui infeliz e desgraçado e me questiono profunda-
damente angustiado, porque permaneci neste círculo fami-
liar tão prolongado período da minha vida, vez que não ti-
nha nenhuma manifestação de apoio, compreensão e cari-
nho por parte dos seus componentes.
Meus dias foram longos e vazios, minhas noites tenebro-
samente escuras e silenciosas
Sou roto mendigo de afetos e atravesso a vida na misé-
ria insuportável de jamais sentir me bem-querido, verdadei-
ra e honestamente por alguém...