LADRÃO DE TANGERINAS

escrevi cartas de despedida com o sangue das veias

gravei na porta da sua casa os loucos beijos da saudade

a dormida no deserto mais apavorante apenas mostrou

que o anjo aprisionado dos pecados vive em mim

batalhas aonde ecoa o último dos risos

porque abandonado o juiz que emitia na minha alma

sentenças desconexas desamando o próximo

permanece a única certeza

no ladrão de tangerinas que sobrou da infância

desenhando comicidades assassinas

no muro infinito da Babel desolada