Ciranda de Orixás
Do barro de Nanã
às águas de Oxum e de Iemanjá,
saí para passear nas matas de Oxóssi.
Fosse eu menos aventureiro, por lá
permaneceria ainda inteiro.
Mas saí das águas primervas
para andar com os próprios pés.
Axés diversos busquei.
Voei com Iansã,
eu me saciei no castelo de Xangô.
Subi e desci tantas vezes com Oxumaré,
quanto a maré muda com o passeio da lua.
Aqui, com as mãos na lama escura
crio novas formas, Vovó.
Ah, que dó, que dó delas,
por saírem de mim!
Mas criar, criar é minha sina...
Oxalá estará com elas,
assim como comigo está.
E nesta brincadeira de ciranda,
de dar formas e as parir de mim,
como ações sem fim,
imito a Olorum
e comprovo mais uma vez
que em axé, somos um.